Riqueza cultural Mbyá Guarani em Salto do Jacuí

Os índios Mbyá Guarani vivem em sua aldeia às margens do Rio Jacuí, desde 1986. No entanto, segundo a extensionista da Emater, Tânia Treviso, existem bibliografias que registram a presença da etnia em Salto do Jacuí em 1955.  Atualmente, na área de 234 ha, vivem 47 famílias, cerca de 140 pessoas, que mantém viva a cultura de seu povo que é passada de forma oral para cada geração, falam a língua Guarani, cultivam as roças manualmente, caçam, pescam e fazem artesanato. O povo Guarani tem uma relação diferenciada com a natureza, pois entendem que são parte da dela e que todos os elementos que a compõe são sagrados.

O cacique Luiz Natalício, de 74 anos e o vice cacique Adriano, de 22 anos acreditam que nos dias atuais uma das coisas a serem conquistadas é a visibilidade da cultura Mbyá Guarani. Eles entendem que as pessoas devem conhecer a cultura para que possam valorizá-la e integrá-la como parte da cultura de Salto do Jacuí, construindo assim uma relação de mais respeito entre índios e não índios.

Eles lamentam o fato das pessoas buscarem a aldeia apenas para verem o Saltinho e não se interessarem em conversar com os indígenas, saber mais sobre sua cultura., uma vez que estão dentro de sua casa, afinal, o território é deles.

Para os indígenas a luta pela sobrevivência é o principal desafio a ser enfrentado. “A cada ano celebrado de nossa cultura viva, nossa religião, nossa comida nativa é uma batalha que se venceu. Isso é mais importante que reclamar”, disse Adriano.

O vice cacique explica que na aldeia eles sobrevivem do cultivo manual das roças, da venda de artesanatos que no momento não estão tendo muita comercialização, algumas pessoas recebem aposentadoria e outras estão trabalhando fora da aldeia. Outra forma de garantir uma renda extra é com a cobrança de entrada para turistas na aldeia. Adriano explica que as pessoas estão equivocadas ao pensarem que cada guarani recebe dinheiro mensalmente do governo. O que o governo federal oferece, e eles são gratos, diz Adriano, é o posto de saúde, a escola e a assistência técnica estadual e local dada pela Emater.

Nas roças com técnicas e observação milenar são cultivadas manualmente várias espécies como feijão, mandioca, melancia e milho que é considerado sagrado pois é usado em vários rituais, como o batismo, sendo um alimento físico e espiritual. O alimento produzido é destinado ao consumo das famílias.

A etnia também teu seu jeito próprio de fabricar o artesanato, com fabricação de peças únicas que levam dias para serem confeccionadas, não só pela mão-de-obra, mas também pelo cuidado que se tem em retirar a matéria prima da natureza. Na aldeia também há grupo de canto e dança.

Agora, alguns indígenas também têm acesso a telefone e internet, motivo pelo qual, explica o vice cacique, muitas vezes são alvo de críticas. “É uma adaptação necessária principalmente agora na pandemia para falarmos com outras aldeias e realizar trabalhos, por exemplo com a Emater”, explica Adriano. Eles também têm uma escola na aldeia, onde aprendem a escrever e que foi uma mudança, segundo ele, necessária para saber como vive o homem branco.

O cacique Luiz diz que nesse tempo difícil em que vivemos não foi possível fazer as festividades no dia 19 de abril e receber as pessoas nas aldeias. Mas ele lembra que todo o dia é dia dos índios. Lembra que temos que agradecer a Deus por cada dia, cada tempo, cada minuto. Agradecer pelas comunidades indígenas e não indígenas. É um tempo de respeito uns pelos outros e de reconhecimento de todos.

 

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